O segundo turno das eleições presidenciais do Zimbábue não ocorrerá nas próximas semanas como prevê a lei, informou hoje o chefe da comissão eleitoral do país. Segundo George Chiweshe, os funcionários do governo precisam de mais tempo para organizar o evento. O presidente Robert Mugabe busca a reeleição contra o líder do oposicionista Movimento pela Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai. A oposição denunciou o primeiro turno, considerado por ela fraudado, porém no sábado afirmou que participará da nova votação.
O MDC pediu que a eleição ocorra em até três semanas após o anúncio dos resultados iniciais, ocorridos em 2 de maio, prazo que eles consideram o correto pela lei. Porém, os funcionários do governo já chegaram a afirmar que o prazo para a realização do segundo turno é de até um ano. Segundo Chiweshe, há base legal para prorrogar o prazo de 21 dias. Não foi informada, porém, qual seria a data do segundo turno. O funcionário disse que depende ainda da liberação de verbas oficiais para organizá-lo.
Tsvangirai afirma ter vencido a eleição com mais de 50% dos votos, o que descartaria a necessidade de um segundo turno. A eleição ocorreu em 29 de março, e demorou mais de um mês para os resultados oficiais serem divulgados. O líder oposicionista está no exterior desde o primeiro turno, pois tem medo de ser morto. Ontem, na África do Sul, ele anunciou que participará da votação contra Mugabe. O atual presidente já está em campanha.
O grupo Associação de Doutores do Zimbábue pelos Direito Humanos afirmou que 322 pessoas morreram e 900 foram torturadas na violência pós-eleitoral ocorrida no país. Segundo a entidade, mais de 40 mil trabalhadores rurais foram desalojados de suas casas, para se evitar que eles votassem no segundo turno.