O dono de um hotel no centro de Oaxaca foi assassinado hoje por desconhecidos perto do acampamento permanente da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (Appo), segundo fontes governamentais.
Um porta-voz do Governo do estado mexicano que não quis ser identificado negou que a morte de Marcos Contreras Mendoza, de 51 anos, tenha qualquer relação com o conflito que assola Oaxaca há quase seis meses.
Os militantes da Appo, uma plataforma civil heterogênea, exigem a renúncia do governador de Oaxaca, Ulises Ruíz Ortiz - do Partido Revolucionário Institucional (PRI) -, que se nega a fazê-lo.
De acordo com os primeiros relatórios da Procuradoria Geral de Justiça de Oaxaca, Contreras Mendoza ia ao trabalho, no início da manhã, quando desconhecidos atiraram nele.
O empresário morreu na zona do centro histórico da cidade, onde foram encontradas três cápsulas usadas de revolver calibre 38.
O empresário já foi reconhecido por seus familiares. A procuradoria do estado abriu uma investigação.
O porta-voz da Appo disse à Efe que não tinha informações sobre o assassinato, que ocorreu a apenas dois quarteirões da Plaza de Santo Domingo, onde a organização está concentrada.
"Só sabemos que foi perto do plantão, por isso não descartamos que seja uma campanha de terror que o Governo está criando", apontou.
López também não descartou que a ação "seja uma provocação ao movimento", que pede a renúncia do governador Ruiz há meses.
Em 29 de outubro, a Polícia Federal Preventiva (PFP) tomou o centro de Oaxaca para impedir atos de violência após os confrontos sangrentos, dois dias antes, entre simpatizantes do governador e os da Appo, no qual quatro pessoas morreram, entre elas o jornalista americano Bradley Roland Will.
O conflito em Oaxaca começou em 22 de maio de 2006, com uma greve dos professores locais, e piorou em 14 de junho, após uma fracassada tentativa policial de desmobilizar os manifestantes. Isto resultou na criação da Appo por várias organizações sociais, que se uniram ao movimento de protestos.
Segundo fontes do Governo do estado, 15 pessoas morreram até o momento - número que a Appo aumenta para mais de 20.
Em 26 de outubro, os professores decidiram encerrar a greve de trabalho dos últimos meses, proporcionando esta semana a volta às aulas de 1,3 milhão de crianças que vivem no estado.
A Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), reunida em Cuautitlán de Izcalli, perto da capital do país, divulgou comunicado na quinta-feira afirmando que Oaxaca "não pode mais esperar".
"Dói em nós a injustiça social, a pobreza, a impunidade e a corrupção generalizada, mas especialmente as divisões sociais e a perda de vidas humanas", dizia a nota.