O presidente mexicano Vicente Fox afirmou em entrevista ao jornal francês
Le Figaro que deixa o governo do país com a economia "mais sólida, forte e com altas taxas de exportação" melhores do que quando assumiu o cargo, em dezembro de 2000. A entrevista, publicada na edição de hoje do jornal, faz um balanço do governo Fox às vésperas das eleições mexicanas, que acontecem neste domingo.
Fox, que apoiou o candidato conservador Felipe Calderón na campanha presidencial, se disse um defensor do livre-comércio, da globalização, da estabilidade econômica e da disciplina fiscal. Exaltou o Tratado Americano de Livre-Comércio (Nafta), que engloba Estados Unidos, Canadá e México, "que é "muito positivo para o México", e disse que seria "um erro" modificá-lo. E criticou a postura do presidente venezuelano Hugo Chávez, cujo modelo chamou de "desordenado, demagógico e populista". "Chávez vai na contramão das tendências mundiais, ou seja, da formação de blocos comerciais. Ele os fragiliza", acusou. Apesar disso, na visão de Fox, não há uma "ameaça populista" na América Latina.
Em relação a seu governo, o presidente mexicano citou as baixas taxas de juros e de inflação, assim como os níveis históricos de reserva de câmbio e de investimento, e a diminuição da dívida do país de US$ 65 bilhões para US$ 50 bilhões. Ele também festejou o crescimento econômico, que criou em 2006 cerca de 500 mil empregos.
Fox afirmou, no entanto, que seu sucessor terá mais dificuldades com o Congresso do que ele, que governou durante seis anos com cerca de 42% dos votos. Na visão do atual presidente, quem quer que o suceda governará com no máximo 36% dos votos, e sugeriu a introdução de um segundo turno na disputa para "dar um pouco mais de legitimidade ao vencedor". Fox, segundo o jornal francês, havia prometido realizar reformas fiscais e da energia, mas nenhuma delas foi concluída. Ele explicou que os projetos de reforma ficaram bloqueados no Congresso.
O presidente mexicano negou a existência de um grande problema social no México, onde ocorrem apenas "conflitos isolados, que possuem explicações locais", na sua visão. Sobre a questão da regularização da imigração para os Estados Unidos, sugeriu que falta apenas "convencer a opinião pública americana de que a entrada organizada da mão-de-obra mexicana porá fim às tentativas de entrar ilegalmente no território americano". "Estamos mais perto do que nunca de um acordo (com o governo americano)", afirmou.