La Paz - Congressistas governistas e da oposição acertaram na segunda-feira, 20, a convocação de um referendo sobre a nova Constituição da Bolívia, que inclui a reeleição do presidente Evo Morales, por apenas uma vez, anunciou o vice-presidente, Alvaro García.
"Quero comunicar que hoje as quatro forças políticas (do governo e da oposição) chegaram a um acordo decisivo que completa a estrutura do texto constitucional", afirmou o vice-presidente, cercado por parlamentares.
Segundo Alvaro García, o projeto da nova Constituição prevê a reeleição presidencial por apenas uma vez, com um eventual segundo mandato de Morales chegando a 2014.
Morales assumiu em janeiro de 2006 e pela atual Constituição, governaria até janeiro de 2011, sem direito à reeleição.
O texto original da nova Carta Magna permitia a reeleição de Morales por duas vezes, com um eventual governo contínuo até 2019.
O acordo anunciado hoje estabelece que o referendo sobre a nova Constituição será realizado em janeiro de 2009, com eleições gerais antecipadas em dezembro do mesmo ano para renovar os poderes Executivo e Legislativo.
O Movimento Ao Socialismo (MAS, esquerda) e os partidos de oposição Podemos, Movimento Nacionalista Revolucionário e Unidade Nacional chegaram a um entendimento após mais de dez dias de negociações envolvendo a nova Carta Magna.
García revelou que "cerca de 100 artigos", dos 411 da nova Constituição, foram modificados ou ajustados, e agora há consenso entre todas as forças políticas.
"Estes são acordos obtidos por parte de quatro forças políticas, na presença de delegações internacionais da União Européia, ONU, Unasul e OEA, além das Igrejas (católica e protestante)".
Nesta segunda-feira, Morales liderou uma grande passeata à Praça das Armas, no centro de La Paz, para pressionar pela aprovação do referendo sobre a nova Constituição.
Pelo menos 50 mil pessoas, principalmente operários, camponeses e indígenas, chegaram ao centro de La Paz convergindo de vários pontos, e Morales caminhou o trecho final - cerca de 12 quilômetros - a partir da vizinha cidade de El Alto.
Na manhã desta segunda, um dos líderes do protesto, Fidel Surco, ameaçou fechar o Congresso caso o referendo não fosse aprovado.
A nova Constituição é vital para Morales consolidar sua visão estatizante e indigenista.
Para aprovar o referendo constitucional, o governo precisa de dois terços dos votos do Parlamento (105 de 157 cadeiras). Os partidos governistas somam 84 cadeiras, contra 73 da oposição.