Duas semanas após o fim da era Tony Blair, o novo governo britânico já começou a dar sinais de mudança em sua política externa - em especial na relação com os Estados Unidos -, de acordo com a mídia britânica. Num discurso na noite de ontem, em Washington, o secretário britânico de Desenvolvimento Internacional, Douglas Alexander, defendeu uma estratégia multilateralista e não isolacionista.
"No século XX, a força de um país era medida pelo que ele conseguia destruir. No século XXI, a força deve ser medida pelo que conseguimos construir juntos. Para isso, devemos formar novas alianças, não apenas para nos proteger do mundo, mas para integrá-lo", afirmou Alexander. Para o jornal The Guardian, as declarações de Alexander, no centro de estudos Conselho de Relações Internacionais, "foram o primeiro sinal claro" da mudança. O Times descreveu o discurso do secretário como "uma série de críticas veladas à política externa americana".
Apesar do premiê britânico, Gordon Brown, ter negado hoje que o discurso tenha sido uma crítica aos EUA e ter reafirmado que manterá uma relação próxima com o presidente americano, George W. Bush, um distanciamento entre os dois países era esperado. Ao assumir o poder após uma década de governo Blair, Brown prometeu reconquistar a confiança da população britânica, que criticou duramente o apoio dado pelo ex-premiê à invasão dos EUA no Iraque. Embora Brown não deva anunciar a retirada imediata das tropas britânicas no país, há especulações de que o governo acelerará o processo. Atualmente, 5.500 soldados britânicos estão no sul do Iraque.
Outro indício da mudança da relação entre Londres e Washington ressaltado pela mídia britânica é a escolha de Mark Malloch Brown para cuidar da estratégia da Grã-Bretanha em relação à África, Ásia e Organização das Nações Unidas (ONU). Brown, ex-representante britânico na ONU, ficou conhecido por seus embates com a representação americana.