O gabinete do governo libanês está reunido e poderá revogar as duas medidas que levaram à rebelião do Hezbollah: o afastamento do diretor de segurança do Aeroporto de Beirute, o major Wafiq Shukeir, e a decretação da clandestinidade da rede telefônica montada pelo Hezbollah. Hoje, uma delegação da Liga Árabe iniciou a mediação entre o governo e a oposição libanesa, para tentar resolver o impasse político que levou à irrupção de violência que deixou dezenas de pessoas mortas no final da semana passada.
Nenhum combate foi reportado hoje, mas as tensões cresceram após o grupo xiita Hezbollah, apoiado por Irã e Síria, ter feito uma demonstração de força e tomado o controle do setor muçulmano sunita de Beirute na semana passada. O Hezbollah retirou seus milicianos da maioria dos pontos, mas foi a pior explosão de violência no Líbano desde a Guerra Civil Libanesa (1975 a 1990). Cerca de 80 pessoas foram mortas nos confrontos.
Um militar norte-americano graduado também desembarcou no Líbano para se encontrar com líderes militares libaneses. Uma pequena frota de guerra da Marinha dos EUA, com três belonaves, está nas costas libanesas. O líder do Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah, afirmou na semana passada que as duas medidas do governo libanês equivaliam a uma "declaração de guerra" e, logo após, começaram os confrontos armados entre milícias xiitas, sunitas e drusos em Beirute, com o Hezbollah apoiado pelo grupo xiita laico Amal. O governo pró-ocidental obteve apoio dos sunitas, de parte dos cristãos e da maioria dos drusos. Um cessar-fogo, na segunda-feira, começou a deter a violência.
DelegaçãoSaad Hariri, líder da maioria parlamentar anti-Síria e apoiada pelos Estados Unidos, disse ontem que as duas medidas tomadas na semana passada devem ser revogadas com urgência, para "salvar o Líbano". A delegação da Liga Árabe que chegou hoje a Beirute é composta por personalidades de nível ministerial de nove países. A delegação primeiro encontrou-se com o líder do Parlamento Nabi Berri, que é xiita e ligado à oposição, e depois encontrou-se com o primeiro-ministro Fuad Siniora.
O escritório de Siniora descreveu as conversações com os representantes da Liga Árabe como "francas e positivas", mas não deu mais detalhes.
O aeroporto, que ficou fechado durante uma semana, foi reaberto especialmente para a chegada da delegação da Liga. Ele fica no sul de Beirute, no setor xiita da cidade. Governos de países com maioria islâmica sunita, que apóiam Siniora, como o Egito e a Arábia Saudita, não têm integrantes na delegação, que também não incluiu os sírios, que apóiam o Hezbollah. Em outro sinal de que as tensões estão se reduzindo, a fronteira com a Síria foi reaberta hoje.