Além dos restaurantes mais populares, o Quartier Latin tem estabelecimentos requintados e caros, onde se apreciam pratos como pato, vitela e peixe, além do tradicional foie gras. O Chez Clement, de preço médio, fica bem próximo à Place St-Michel e tem um cardápio típico das brasseries. Para quem quer algo mais sofisticado, uma sugestão é o La Tour d'Argent, no Quai de la Tounelle, que existe desde 1582 e hoje funciona num restaurante panorâmico com bela vista para a Catedral de Notre-Dame.
No passeio pela Pequena Atenas, outra parada bem interessante é o Caveau de La Huchette, um bar de jazz criado em meio a caves medievais onde, há cinco séculos, se reuniam os cavaleiros templários. A cave principal tem um bom espaço para dançar ao melhor som das tradicionais big bands e o bar tipo pub, no andar térreo, tem um ambiente tranqüilo para quem prefere um bate-papo e um bom vinho.
A Rue de la Huchette desemboca no Boulevard St-Michel, ou Boul-Mich, como chamam carinhosamente os parisienses. Seguindo pelo amplo boulevard na direção oposta ao Sena, temos os cafés, as livrarias, restaurantes e lojas de grife que são responsáveis pelo intenso movimento dessa via. É um bom lugar de compras para quem procura presentes mais caros ou as roupas das butiques conceituadas. Não chega a ser tão requintado quanto o Champs Elisées, mas impressiona. Sentar numa das mesas dos cafés à beira da calçada ou perder algumas horas garimpando raridades num dos sebos que oferecem livros bons a apenas 0,50 euros é uma opção mais econômica, mas não menos interessante.
Idade média – Mais duas quadras à frente, a esquina do Boul-Mich com o Boulevard St-Germain marca o encontro de duas das avenidas mais prestigiadas de Paris, com a proximidade de cafés que foram freqüentados por figuras como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Ernest Hemingway. É no encontro dessas duas ruas que fica também o Musée du Moyen Age, anteriormente chamado de Musée de Cluny. Ali, está reunida uma preciosa coleção de obras de arte medieval e, ao mesmo tempo, ruínas antigas que remontam ao tempo do Império Romano.
A sede do Museu está na Abadia de Cluny, construída no século XIV ao lado de ruínas de salas de banho galo-romanas. Todo o conjunto é cercado por jardins com inspiração medieval e a abadia chama a atenção pelos detalhes arquitetônicos rebuscados que lembram um velho castelo de contos de fadas.
Dentro do Museu, o visitante encontra uma das maiores coleções de arte medieval do mundo, com quadros, esculturas, tapeçarias, peças de cunho religioso, iluminuras, objetos domésticos e vestuário. Vale a pena passar uma tarde lá e percorrer seus dois andares e anexos, numa verdadeira aula de história ao vivo. As tapeçarias medievais são uma atração especial, com destaque para a obra A Senhora com Unicórnio com suas figuras místicas intrigantes.
Sorbonne – Não se pode ir ao Quartier Latin sem passar pela sede da Universidade de Paris, a Sorbonne. Fica a apenas uma quadra de Cluny, logo atrás do museu. A Sorbonne ocupa várias quadras do bairro, mas duas construções chamam a atenção: a Chapelle, no prédio central, e a Faculdade de Direito, em frente ao Pantheon.
A Chapelle de la Sorbonne, ou simplesmente capela, foi construída no século XVII e é um monumento ao Cardeal Richelieu, que foi primeiro-ministro de Luís XIII, governando o país num momento em que a Igreja tinha grande poder na França. Em frente à capela, uma grande praça com cafés reúne estudantes do mundo inteiro, num clima que lembra os filmes franceses dos anos 1960.
Seguindo em frente, pela Sorbonne, ainda na direção contrária ao Sena, chegamos à praça do Pantheon, onde está a Faculté de Droit, a Faculdade de Direito, também sempre cercada pelos estudantes.
Pantheon – Uma última parada nesse passeio a pé pelo Quartier Latin é a visita ao Pantheon, local onde estão sepultados alguns dos maiores nomes da história da França. O belo edifício, inspirado pelo Panteão Romano, traz em sua cripta os corpos de Voltaire, Pierre e Marie Curie, Rosseau, Émile Zola, Victor Hugo e Malraux. Na parte arquitetônica, destaque para a bela cúpula de ferro e o conjunto de sustentação do prédio formado por 22 colunas coríntias.
Ao lado do Pantheon, outra igreja de importância histórica: a St-Etienne-du-Mont, com o santuário da padroeira de Paris, Sainte-Geneviève. Contam os hagiógrafos (escritores de coisas consideradas sagradas) que ela era uma fazendeira de origem galo-romano que morava na região no século V. Quando os bárbaros hunos invadiram Paris em 451, ela e suas amigas se uniram e rezaram para que a cidade fosse poupada. Suas preces foram atendidas, Geneviève foi canonizada e, hoje, Paris é invadida por outros bárbaros não tão belicosos.
Serviço
Dica cultural | Dentre outros locais preferidos dos escritores, está o Café La Palette (43, Rue de Seine), muito freqüentado por Henry Miller, Apollinaire e Jacques Prévert. Outro é o Le Procope (13, Rue l´Ancienne-Comédie), o mais antigo café de Paris e ponto de encontro de escritores como Voltaire, Honoré de Balzac, Victor Hugo e Émile Zol.