Há poucos dias, um grupo de argentinos mostrou em um estádio alemão o que eram capazes de fazer para poder ver o jogo, sem pagar, desde um lugar privilegiado. Os três torcedores que compunham o grupo, conseguiram cadeiras de rodas para fazer de conta que eram paraplégicos, e assim - graças à ingenuidade das autoridades alemãs - entrar e poder assistir o embate contra o México confortavelmente. Os torcedores só foram descobertos quando, perante um gol argentino, um deles, sem conter sua alegria, levantou-se e deu pulos de alegria. Os alemães ao redor primeiro pensaram que estavam vendo um milagre. Depois, perceberam que tratava-se da tradicional "esperteza" argentina.
Essa "esperteza" foi o alvo da uma pesquisa encarregada pela AFIP, a Receita Federal argentina, que descobriu que a transgressão das normas sociais e legais é um comportamento freqüente entre os habitantes deste país. A violação das normas de trânsito é uma das mais comuns, perpetradas com muita freqüência por 90,6% das pessoas que dirigem.
Uma das dores de cabeça da AFIP, a sonegação fiscal, conta com ajuda de uma substancial parcela da população, pois a pesquisa indica que 80,6% dos entrevistados quase nunca pede a nota fiscal. Outros 66,7% confessam que mentem com freqüência na declaração do imposto de renda. Além disso, 86,9% dos argentinos que possuem empregados, costumam contratar seus funcionários sem carteira assinada.
Na hora driblar uma multa de qualquer tipo, 76,2% dos pesquisados não hesitam em "molhar a mão" de um policial. Além disso, a pesquisa também indicou que 66% dos entrevistados não deixariam de comprar um produto mesmo que ficasse sabendo era roubado.
Mentir não é um problema, mais ainda se for necessário para faltar ao trabalho. O relatório da AFIP sustenta que 64,4% simulariam uma doença qualquer para poder deixar de ir um dia à empresa.
Enquanto que, evitar fumar em lugares públicos está se tornando algo comum na maior parte do planeta, na Argentina, a violação da norma da proibição de acender um cigarro é costumeira. Segundo a pesquisa, 79,6% dos entrevistados que fumam, não respeitam a proibição, com muita freqüência.