O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Salam Fayyad, repreendeu Israel por comemorar de modo ostensivo seu 60.º aniversário. Para Fayyad, esse tipo de comportamento é um desrespeito ao sofrimento dos palestinos, com os quais os israelenses ainda não chegaram a um acordo de paz. Durante o processo para a formação e a consolidação do Estado israelense, centenas de milhares de palestinos tiveram de deixar suas casas. Os palestinos qualificam a criação de Israel como a "nakba", ou catástrofe.
"Eu me dirijo...às pessoas de Israel, para dizer: Como vocês podem?", disse Fayyad. "Como vocês podem celebrar, (enquanto) o povo palestino está sofrendo por seus assentamentos, o cerco de seu Estado e a conduta do Exército de ocupação?" "Não há sentido para comemoração se não pudermos comemorar juntos, com uma paz justa", acrescentou o primeiro-ministro. Israel marcou os 60 anos da independência do país, ocorrida em 14 de maio de 1948, na semana passada, de acordo com o calendário hebreu. Nesta semana haverá mais festividades, quando o país receberá a visita de alguns líderes estrangeiros, entre eles o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
Os palestinos realizaram alguns protestos e pretendem lembrar a "catástrofe" na quinta-feira. Hoje, milhares de membros da Jihad Islâmica marcharam na Cidade de Gaza, alguns levando chaves de madeira para lembrar as residências que deixaram para trás. Na quinta-feira, haverá balões negros e um show pela manhã, além de passeatas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza para marcar o fato. Em Gaza, o grupo Hamas, que controla a área, quer que os palestinos marchem até a principal passagem para Israel.
A Faixa de Gaza está virtualmente fechada há quase um ano, quando o Hamas tomou o poder de forma violenta e expulsou o moderado Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. O Hamas não reconhece Israel e prega a destruição desse Estado. Durante a Guerra de 1948, centenas de milhares de palestinos perderam suas residências e se espalharam pela região. Junto com seus descendentes, eles são atualmente 4,5 milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas. Os eventos pretendem chamar a atenção para o problema não resolvido dos refugiados palestinos. Esse tema é um dos principais nas negociações de paz entre Israel e os palestinos.