A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse hoje que os Estados Unidos tentarão fechar um acordo de paz entre Israel e os palestinos antes do final do mandato do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que acabará em janeiro de 2009, mas ela alertou que o sucesso não está garantido. Rice disse que líderes israelenses e palestinos têm sido instados a trabalhar em um acordo para formar um Estado independente da Palestina antes que Bush deixe o cargo. "Todos nós sabemos o quão longo é esse processo - pelo menos um ano", disse Rice aos repórteres. "Isso é o que precisa ser tentado", afirmou. Ela ressaltou que o processo não tem sucesso garantido.
Rice e Bush, na próxima semana, serão os anfitriões dos líderes israelenses e palestinos na conferência internacional de paz em Annapolis, capital do estado norte-americano de Maryland, a 80 quilômetros de Washington. A conferência tem como objetivo retomar, pela primeira vez em sete anos, as negociações diretas de paz entre Israel e os palestinos. Rice disse que a conferência será um evento importante para abrir os debates sobre como será resolvido o conflito entre Israel e os palestinos, suas disputas por terras, nacionalidade e direitos. Todas as questões estão na base dos problemas entre o Estado judeu e árabes.
A secretária de Estado comentou que os EUA abrirão espaço para outras discussões que envolvem Israel e os vizinhos árabes, como a ocupação israelense das Colinas de Golã, território sírio. Ela não informou quem será convidado à conferência e a lista poderá ser divulgada no começo da próxima semana. Hoje, Bush telefonou para o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e para o presidente palestino Mahmud Abbas. Segundo a Casa Branca, Bush também telefonou para o presidente do Egito, Hosni Mubarak. O Egito é um dos dois Estados árabes que negociaram acordos de paz com Israel e sua participação é vista como muito importante na conferência.
Conferência de PazA conferência deverá durar três dias. Um dia antes, Bush oferecerá um jantar em Washington para os líderes e chanceleres dos 47 países participantes. Bush também planeja se encontrar antes da conferência com Olmert e Abbas, possivelmente para arrancar uma promessa dos dois líderes de criarem um Estado palestino até o final do seu mandato. "Essa conferência será o ponto de lançamento das negociações que levarão ao estabelecimento de um Estado palestino e à realização da paz entre Israel e os palestinos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Gordon Johndroe.
Exceto Olmert e Abbas, que receberam antes os seus convites, e Bush, que tem um forte interesse na questão, nenhum líder dos outros 47 países que deverão participar da conferência ainda fez comentários sobre o evento. A lista de convites inclui integrantes selecionados da Liga Árabe, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário da ONU, Ban Ki-moon, e o enviado especial do Quarteto da Paz (EUA, União Européia, Rússia e ONU) para o Oriente Médio, Tony Blair, deverão participar da conferência. O Brasil foi convidado e participará da conferência.
DesconfiançaEntre os países árabes e muçulmanos existe uma forte desconfiança a respeito da conferência. Muitos questionam a habilidade de Bush em conseguir um acordo entre Israel e os palestinos, atualmente chefiados por líderes enfraquecidos internamente. Os funcionários americanos, liderados por Bush e Rice - a secretária fez oito viagens ao Oriente Médio neste ano - insistem que as conversações serão "sérias e substanciais" e não apenas uma ocasião para os líderes tirarem juntos uma fotografia.