O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, afirmou neste domingo que tem o apoio do presidente George W. Bush e não pretende renunciar a seu cargo, apesar da onda crescente de críticas contra sua gestão no Iraque, após a publicação do livro "State of Denial" (Estado de negação), do jornalista Bob Woodward.
Rumsfeld, falando com jornalistas em seu vôo para Manágua, disse que Bush discutiu a polêmica gerada pelo livro com um grupo de responsáveis, por vídeo conferência, e depois "me chamou para conversar pessoalmente".
Ao responder se tem o apoio de Bush, o secretário da Defesa declarou "Ó, meus Deus, sim. Eu disse isso publicamente. Vocês viram o que a Casa Branca divulgou".
Ao negar a intenção de renunciar, Rumsfeld foi categórico: "Não, não, não. Quantas vezes tenho que responder a esta pergunta?".
O polêmico livro de Woodward garante que, dois meses antes do 11 de Setembro de 2001, o então chefe da CIA, George Tenet, alertou Condoleezza Rice, que ocupava o cargo de conselheira americana de Segurança Nacional, de que havia um alto risco de ataques terroristas.
Segundo Woodward, no dia 10 de julho de 2001, Tenet se reuniu com Rice para informá-la sobre a ameaça iminente representada pela Al-Qaeda e seu líder Osama bin Laden.
"Não havia nenhum dado urgente e definitivo, mas o volume de informação era tão grande que o instinto de um responsável da inteligência indicaria claramente que algo estava para acontecer", escreveu Woodward em seu livro, cujos trechos foram publicados na edição deste domingo do jornal "The Washington Post".
No encontro -do qual também participou J. Cofer Black, encarregado da CIA para terrorismo-, Tenet tentou convencer Rice de que a Al-Qaeda poderia atacar inclusive dentro dos Estados Unidos, e que a questão devia ser abordada imediatamente, diz o livro.
"Tenet e Black tiveram a impressão de que não haviam conseguido uma boa conexão com Rice. Ela os tratava amavelmente, mas dava a impressão de que os estava ignorando", acrescentou.
A Casa Branca negou estas afirmações e o conselheiro Dan Bartlett assegurou que a versão é "uma transcrição errônea da reunião". "A senhora Rice considera que nunca recebeu um pedido urgente para o tema Bin Laden, como pretende o livro".
"State of Denial", que alimentou o debate sobre a guerra no Iraque a cinco semanas das eleições legislativas de novembro nos Estados Unidos, conta que Bush subestima a gravidade da violência contra as forças americanas no país árabe. Segundo o livro, Bush vem afirmando há anos ao Congresso e ao público que a luta contra o terrorismo e pela implementação da democracia no Iraque está avançando, mas os relatório de inteligência denunciam o contrário.
"Houve uma grande diferença entre o que a Casa Branca e o Pentágono sabiam sobre a situação no Iraque e o que diziam ao público", escreveu Woodward em artigo publicado neste domingo pelo "Washington Post".
O jornalista denuncia também a ausência de estratégia militar e a influência de Henry Kissinger, o polêmico conselheiro de segurança nacional nos anos 70, que se opõe à redução das tropas no Iraque para não repetir um novo Vietnã.
O livro de Woodward chega às livrarias nesta segunda-feira e lidera a lista de encomendas da livraria on-line da Amazon.com.