Centenas de militares italianos desembarcaram neste domingo no porto de Tiro (sul) e em Beirute para reforçar, pela primeira vez em 30 anos, a presença da ONU na fronteira com Israel e monitorar sua trégua com o movimento xiita libanês Hezbollah.
Cerca de 900 soldados que chegaram em cinco navios da Marinha, incluindo o porta-aviões Garibaldi, iniciaram sua missão sob as ordens do general francês Alain Pellegrini, chefe da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul).
Os militares são parte do primeiro reforço da Finul, cujas tropas podem aumentar para 15.000 homens nos próximos meses, como prevê a resolução 1701 da ONU que pôs fim a mais de um mês de combates entre Israel e Hezbollah. Presente no sul do Líbano desde 1978, a Finul contava com apenas 2.000 boinas azuis antes do conflito.
A Rússia anunciou hoje estar disposta a enviar um número ainda não determinado de soldados para participar da reconstrução do país. "Ressalto que não se trata de tropas de combate, mas de engenharia", disse o ministro russo da Defesa, Serguei Ivanov.
Já a Alemanha adiou sua decisão sobre o envio de militares, inicialmente prevista para segunda-feira, alegando que o Líbano ainda não respondeu a todas as "demandas necessárias" da ONU.
O navio francês Foudre zarpará amanhã para o Líbano com 200 soldados, os primeiros de um batalhão de 900 homens esperados no sul do território antes de 15 de setembro.
Ao todo, a França deve enviar 2.000 soldados para a Finul, que ficará sob seu comando até fevereiro de 2007. Nesta data, o comando passa para a Itália, que prevê mobilizar 2.450 soldados.
Neste domingo, o Irã, que junto com a Síria é o principal suporte do grupo Hezbollah, expressou seu "apoio total" à resolução 1701, anunciou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, após sua viagem a Teerã.
De acordo com Annan, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, garantiu que seu país "fará tudo para apoiar a integridade territorial do Líbano e a independência do Líbano".
No nível diplomático, uma controvérsia entre o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e seu homólogo libanês, Fuad Siniora, surgiu hoje: o primeiro disse ter proposto em vão um encontro para conseguir a paz entre os dois países, enquanto o segundo garantiu não ter recebido qualquer proposta.
"Teria sido simples e natural, se o primeiro-ministro libanês tivesse aceitado que nos reuníssemos, que apertássemos as mãos e puséssemos fim, de uma vez por todas, ao ódio que uma parte de seu povo sente em relação a nós", comentou Olmert, que assegurou ter feito "múltiplos convites para um encontro".
Já Siniora rebateu, afirmando que "nunca foram transmitidos convites deste tipo e seriam, de qualquer maneira, categoricamente rejeitados".
Os dois países estão oficialmente em guerra desde 1948, apesar da assinatura de um acordo de armistício em 1949.