A reforma ministerial do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, após os resultados decepcionantes dos trabalhistas nas eleições locais, fracassou em conter as críticas de seus partidários, que cobram que o premiê anuncie a data de quando deixará a liderança.
Um dia depois da mexida de Blair, o seu possível sucessor, o ministro das Finanças, Gordon Brown, repetiu o apelo por mudanças urgentes no partido, depois do fiasco eleitoral.
"Nós tivemos um grito de alerta", afirmou Brown a um canal de TV. "Tivemos um sinal que não pode ser ignorado e que torna mais urgente que façamos o que temos de fazer, e isso é nos renovarmos para lidar com os desafios que vêm pela frente."
Blair, que foi eleito para o terceiro mandato consecutivo em 2005, tem dito que não disputará o quarto no próximo pleito nacional, provavelmente em meados de 2010, mas que quer ainda implementar as reformas que planejou.
Brown, ministro das Finanças desde 1997 e há muito o próximo na linha sucessória trabalhista, declarou que conversaria neste fim de semana com o premiê sobre como revitalizar o partido e ganhar os eleitores de volta.
Nas recentes eleições locais, os trabalhistas perderam 319 assentos em conselhos distritais, enquanto os conservadores ganharam 316, o melhor resultado deles desde 1992.
Analistas haviam dito que mais de 200 perdas seria ruim para os trabalhistas.
Legisladores trabalhistas afirmaram no sábado que a incerteza a respeito da liderança e as acusações de ineficiência reduziram a confiança do partido.
"Há realmente uma necessidade de mudança, lá no topo, agora", disse a parlamentar Geraldine Smith à BBC.
"A mudança que muita gente gostaria de ver é Tony Blair anunciar quando ele vai sair, com prazos estipulados e uma transição ordenada."
Contudo, outros parlamentares trabalhistas afirmaram que os críticos de Blair são uma minoria.
CARTA REBELDE
O jornal The Observer publicou que parlamentares rebeldes do governo terminaram uma carta que circulará entre os legisladores nesta semana, em busca de novas assinaturas. O documento pede ao comitê executivo do partido para intervir, caso Blair não anuncie o dia da sua saída.
Pela carta, os parlamentares querem até o recesso de verão (no Hemisfério Norte) prazos claros para a saída do premiê.
Relatos jornalísticos sem confirmação dizem que cerca de 50 por cento dos parlamentares estão prontos para assinar a lista, até agora.
Na sexta-feira, Blair respondeu rápido ao fracasso eleitoral, promovendo uma reforma ministerial. O porta-voz do premiê disse ele desejava colocar pessoas experientes em posições importantes e trazia novos talentos para reformar os serviços públicos.
Analistas afirmaram que a reforma mostrou que Blair não tem pressa em deixar a liderança.
"Ele está tomando decisões perigosas e arriscadas que não são boas para o partido nem para o país," afirmou o parlamentar trabalhista Graham Stringer.