A chegada da América Latina no topo dos rankings gastronômicos é "uma questão de tempo", concordaram no México o chef espanhol Jordi Roca e o dinamarquês René Redzepi, criadores daqueles que são considerados os dois melhores restaurantes do mundo.
Fascinados com o avanço das cozinhas da região nos últimos anos, Roca (do restaurante El Celler de Can Roca) e Redzepi (do Noma) não duvidam que um reconhecimento mundial da gastronomia latino-americana está próximo.
"A América Latina talvez seja hoje em dia o máximo exponente em nível de crescimento na cozinha de vanguarda. Acho que é questão de tempo para que cheguem ao topo porque, para mim, já estão no mesmo nível do que na Europa", disse Roca à AFP, que junto com seus irmãos mais velhos Joan e Josep está à frente do melhor restaurante do mundo, de acordo com o ranking apresentado recentemente pela revista britânica "Restaurant".
Para este chef, Brasil, Peru e México são os países que lideram o auge gastronômico de uma região onde a "cozinha popular está muito arraigada e é muito rica", além de que agora está combinando história, tradição e sabores autóctones com criatividade e técnicas de vanguarda.
Mais além do imaginário de tacos, feijoadas ou ceviches, os cozinheiros latino-americanos aproveitam sua qualidade e os diferentes sabores do coentro, dos ácidos ou do picante para propor uma cozinha "de vanguarda, criativa e com muita projeção", ressaltou o catalão, entrevistado durante o encontro gastronômico Mesamérica 2013, realizado esta semana na Cidade de México.
Seis latino-americanos entre os 50 melhores Atualmente, a América Latina conta com seis cozinheiros na lista dos "50 melhores restaurantes do mundo" -elaborada pela "Restaurant"- com o brasileiro Alex Atala à frente, no sexto lugar com o D.O.M. de São Paulo.
Mais abaixo estão o peruano Astrid y Gastón (14º); os mexicanos Pujol (17º) e Biko (31º); o brasileiro Maní (46º) e o peruano Central (50º).
"Hoje nós temos que nos sentir grandes e saber que já não somos mais os patinhos feios. Acho que vivemos um momento histórico, um processo de mudança", disse Atala na quarta também durante a Mesamérica, que reuniu no México aqueles que são considerados os seis melhores chefs do mundo.
Já o dinamarquês René Redzepi, dono do Noma, que liderou a lista em 2010, 2011 e 2012, acredita que a revista "Restaurant" é que se adaptou à cozinha mundial.
"O que a lista fez foi se abrir ao mundo", reconheceu o chefe dinamarquês em uma entrevista coletiva à imprensa.
"Agora não é impossível pensar que o melhor restaurante possa ser de México, de Brasil, de Peru ou da Dinamarca; há dez anos isso era totalmente impossível", considerou.