Julio De Vido é acusado de desvio de fundos e outras irregularidades
O deputado argentino Julio De Vido, que orquestrou obras públicas milionárias enquanto ministro do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviço dos governos dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner, foi detido na noite de quarta-feira, 25, acusado de desvio de dinheiro de licitação de obras em infraestrutura. De Vido também teve a imunidade parlamentar retirada pelo Congresso para poder responder aos dois processos de corrupção pelos quais é acusado.
A prisão de De Vido foi solicitada por dois juízes, que o acusam de desvio de fundos e outras irregularidades, como superfaturamento na importação de gás liquefeito e o suposto desvio de US 15 milhões da construção da mina de carvão do Río Turbio, na Patagônia argentina.
A prisão do deputado aconteceu no final da tarde de quarta, imediatamente após a sessão do Congresso que votou a favor da cassação do seu exercício do mandato e detenção. A medida foi justificada como uma tentativa de evitar obstrução a Justiça ou que De Vido saia da Argentina antes de responder ao processo.
De acordo com informações da imprensa argentina, policiais de fronteira (Gendarmeria) foram deslocados à residência de De Vido no bairro nobre de Palermo, em Buenos Aires, para prendê-lo. No mesmo instante, o ex-ministro dos Kirchner de 67 anos já se entregava à Justiça, no Palácio dos Tribunais, região central da capital. O advogado Maximiliano Rusconi, que acompanhou a rendição de De Vido, afirma que as acusações não têm fundamento, e o próprio ex-ministro se declara
Como se recusou a fazer qualquer tipo de declaração sobre as acusações frente ao juiz Luíz Rodrigues, De Vido está desde a noite de quarta no Hospital Penitenciário de Ezeiza. Segundo a imprensa local, ele está preso em uma sela individual com apenas uma cama e um cobertor, que ressalta a simplicidade do encarceramento do que apontam como um dos mais poderosos homens dos governos dos Kirchners. A defesa já declarou que tenta a prisão domiciliar.
Também em Ezeiza, a 30 quilômetros da região metropolitana de Buenos Aires, estão presos outros integrantes dos governos de Néstor e Cristina, como o ex-secretário de Transportes, Ricardo Jaime, e o ex-secretário de Obras Públicas, José Lopez.
A prisão do parlamentar aconteceu sob protestos de argentinos pró-Mauricio Macri, o atual presidente do país e rival da ex-mandatária argentina, Cristina Kirchner. No caminho aos tribunais, De Vido ouviu de algumas poucas pessoas os gritos de “sim, se pode”, o lema da campanha de Macri que teve foco principalmente na luta contra a corrupção.
De Vido é aliado dos Kirchners desde a década de 1980 e foi titular do ministério do Planejamento Federal de 2003 a 2015, quando deixou o cargo para ser deputado. O último chefe do Executivo a quem respondeu, Cristina, também é investigada pela Justiça argentina por enriquecimento ilícito, evasão de dívidas e lavagem de dinheiro, cujos processos devem desacelerar agora que ela foi eleita Senadora – no último domingo, 22 – e terá amparo do foro privilegiado.