A desconfiança da maioria dos países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) perante a legitimidade do governo de Nicolás Maduro na Venezuela foi o principal assunto do primeiro dia da 48ª Assembleia Geral da entidade, em Washington. O Brasil, oficialmente contrário à administração e crítico da reeleição do chavista para mais seis anos frente à nação caribenha, está representado pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira.
Ontem, na reunião inaugural da assembleia que termina hoje, os Estados Unidos exigiram dos membros da OEA que aumentem a pressão contra Maduro e que, assim como faz o governo do mandatário norte-americano Donald Trump, apliquem sanções a Caracas. “Solicito aos estados membros que pressionem o regime de Maduro, inclusive com a aplicação de sanções e isolamento diplomático”, apelou nesta segunda-feira, 4, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. A OEA tem 34 países-membros, cada um com direito a um voto.
Assim como os EUA, o Grupo de Lima (integrado por Canadá e 13 países latino-americanos, inclusive o Brasil) suspeitam de fraude no processo eleitoral que mantém Maduro por mais seis anos no comando do Executivo venezuelano.
No entanto, é apenas o governo norte-americano que pede a suspensão da Venezuela da OEA, apesar de tentar persuadir que os demais estados membros na assembleia exijam o mesmo. “Essa suspensão demonstraria que a OEA respalda suas palavras com ações e envia um poderoso sinal ao regime de Maduro de que somente eleições reais permitirão ao seu governo ser incluído na família das nações”, afirmou Pompeo.
Em 7 de maio, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence já havia pedido a suspensão da Venezuela da OEA ante o conselho da entidade.
Para Aloysio Nunes, a suspensão da Venezuela da OEA é uma realidade, caso descumpra os “princípios baseados no respeito à democracia e à liberdade”, redigidos na carta democrática da organização e acordados por todos os estados membros. “A Venezuela subscreveu esse compromisso. Ela tem um engajamento. E subscreveu livremente, assim como o Brasil. Então, isso não pode ficar letra morta. Na medida em que a Venezuela descumpre esse compromisso, que é fundamental, não há alternativa a não ser a suspensão”, destacou o chanceler brasileiro.
Nicarágua
A onda de protestos contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, que acontecem desde abril, com mais de 100 mortes, também pautou o primeiro dia da 48ª assembleia da OEA. Na reunião do início da tarde, foi apresentado pela entidade uma declaração “de apoio ao povo da Nicarágua”.