Em uma operação coordenada pelos governos federais da Síria e do Líbano, países vizinhos no Oriente Médio, centenas de refugiados sírios que viviam na capital libanesa, Beirute, retornaram nesta quinta-feira, 28, à terra natal. O deslocamento aconteceu pela abertura da fronteira libanesa na pequena cidade industrial de Arsal.
Pela estimativa do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), cerca de 50 mil refugiados sírios no Líbano vivem em Arsal, de uma população de pouco mais de um milhão de pessoas que fugiram da guerra na Síria e buscaram asilo no país vizinho.
O deslocamento, afirma autoridades libanesas, somente se tornou viável devido à diminuição dos combates na Síria. De acordo com a imprensa estrangeira, além disso, o governo do Líbano aumento os pedidos nos últimos meses para que os refugiados voltassem ao país de origem, especialmente os sírios.
Os retornos foram organizados em turnos. Pela manhã, o governo libanês divulgou que coordenou a viagem de cerca de 400 sírios pela região de Qalamoun, logo após a fronteira de Arsal, já sem núcleos de rebeldes ou de grupos terroristas. Um número próximo ao primeiro comboio foi liberado para ao menos outro retorno no período da tarde.
Mulheres, crianças e idosos formaram o primeiro grupo de refugiados no Líbano a regressar à Síria. Eles viajaram a bordo de minivans e pequenos caminhões, carregados também de colchões, tanques com água e até mesmo mobílias pessoais.
Ataques aéreos
No mesmo dia em que sírios refugiados retornavam ao país natal pela fronteira com o vizinho Líbano, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) divulgou ainda nesta quinta que pelo menos 22 civis morreram em ataques aéreos na província de Deraa, no sul da Síria. A entidade, em nota, afirma que o bombardeio aconteceu à mando da Rússia que, no entanto, negou a ação.
O diretor do Observatório, Rami Abdel Rahmane, alegou os ataques começaram ainda na quarta, 27, e têm como alvos algumas zonas povoadas de Deraa. “O balanço de quinta-feira é o mais elevado desde 19 de junho”, ele disse. Entre as vítimas, divulgou a OSDH, estão cinco crianças.
A província é alvo de constantes bombardeios desde 2011. Foi nesta província síria que se tem notícia das primeiras ações da oposição ao regime de Bashar al-Assad, numa guerra que já causou a morte de aproximadamente 350 mil mortes e fez com que milhões de sírios buscassem refúgio na Europa e na América do Norte e do Sul.