Variante sul-africana tem inúmeras mutações na proteína "spike" que o vírus usa para infectar células humanas.
O ministro de Saúde britânico, Matt Hancock, disse nesta segunda-feira, 4, que a variante do novo coronavírus identificada na África do Sul é ainda mais perigosa do que a mutação altamente infecciosa identificada no Reino Unido.
"Estou extremamente preocupado com a variante sul-africana e é por isso que tomamos as medidas de restringir todos os voos da África do Sul", disse à rádio BBC.
"Este é um problema muito, muito significativo e é ainda mais problemático do que a nova variante do Reino Unido", reiterou.
A emissora britânica ITV disse também, que cientistas não estariam totalmente confiantes de que as vacinas contra a Covid-19 vão funcionar contra a variante do coronavírus encontrada na África do Sul.
"De acordo com um dos consultores científicos do governo, o motivo da 'grande preocupação' de Matt Hancock sobre a variante sul-africana do Covid-19 é que eles não estão tão confiantes de que as vacinas vão ser tão eficazes contra ela quanto são para a variante do Reino Unido”, afirmou o editor político da ITV, Robert Peston.
O CEO da BioNTech, Ugur Sahin, e John Bell, professor de medicina da Universidade de Oxford, disseram que estão testando as vacinas nas novas variantes e afirmam que podem fazer os ajustes necessários em cerca de seis semanas.
Os cientistas afirmam ainda que a variante sul-africana do coronavírus tem inúmeras mutações na proteína "spike" que o vírus usa para infectar células humanas.
Exste uma maior carga viral, o que leva a maior concentração de partículas virais no corpo dos pacientes, possivelmente contribuindo para níveis mais altos de transmissão.
Bell, que assessora a força-tarefa de vacinação do governo, disse no domingo, 3, que achava que as vacinas funcionariam na variante britânica, mas que havia um "grande ponto de interrogação" sobre se funcionariam na variante sul-africana.
Sahin da BioNTech disse que a vacina, que usa RNA mensageiro para instruir o sistema imunológico humano a combater o coronavírus, deve ser capaz de lidar com a variante detectada pela primeira vez no Reino Unido.
"Estamos testando se nossa vacina também pode neutralizar essa variante e em breve saberemos mais", disse ele.
Perguntado sobre como lidar com uma grande mutação, Sahin disse que seria possível ajustar a vacina de acordo com o necessário, dentro de seis semanas, já que isso pode exigir aprovações regulatórias adicionais.