Lídice irá concentrar forças nas eleições no interior
Com a desistência da senadora Lídice da Mata (PSB) de concorrer à prefeitura de Salvador, decisão anunciada na manhã desta segunda-feira, 11, o seu partido ainda não sabe se irá apoiar a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), pré-candidata a prefeita. A posição oficial só vai ser tomada após reunião do diretório municipal na próxima quinta, 14.
Vale registrar que a base do governador Rui Costa (PT) conta com mais duas pré-candidaturas a prefeito: do deputado estadual Pastor Sargento Isidório (PDT) e de Cláudio Silva (PP).
No comunicado sobre a desistência, o PSB criticou o debate estratégico dos partidos da base aliada do governador para enfrentar a possível candidatura à reeleição de ACM Neto (DEM).
Na nota oficial, assinada pelo presidente municipal da legenda, Waldemar Oliveira, o PSB diz que "as conversas sobre as eleições têm se voltado prioritariamente para a composição da chapa proporcional, em detrimento da construção estratégica da tomada de uma posição comum e de uma chapa majoritária que possibilite esse enfrentamento".
Fontes do partido disseram que a decisão foi um "alívio" para Lídice, que agora irá concentrar forças nas eleições municipais no interior do estado, onde tem mais de 100 pré-candidatos a prefeito.
O partido, que não deve coligar na chapa proporcional com o PT, espera eleger três vereadores em Salvador. Dois nomes fortes são o do atual vereador Sílvio Humberto e do ex-deputado estadual Capitão Tadeu.
Integrantes de partidos aliados da base governista ouvidos por A TARDE, e que pediram anonimato, criticaram a suposta "ausência" do governador nas negociações sobre a sucessão municipal em Salvador.
Eles atribuem a desistência de Lídice à posição de Rui, que se afastou do processo após o PCdoB ter se antecipado e dado como fato consumado a pré-candidatura de Alice Portugal, preterindo a opção do governador e dos aliados pela secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Olívia Santana.
Na avaliação deles, faltou "um capitão, alguém que conduzisse" a estratégia para a formação da chapa majoritária. "Rui não conseguiu desenvolver nem a tese da pulverização de partidos nem a tese da unidade".
Para alguns, o governador preferiu defender seu próprio mandato, que tem tido boa avaliação junto ao eleitor de Salvador, a se desgastar numa eleição apontada como difícil para a base governista virar o jogo contra ACM Neto, considerado um gestor bem avaliado.
Aliança
Alice Portugal disse esperar, agora, o apoio de Lídice. "Diante esse quadro, resume-se a uma pré-candidatura nesse campo de esquerda que apoia o governador e é a favor da democracia. Vou procurar a senadora e buscar o apoio dela", afirmou.
Como o PCdoB flexibilizou o debate em torno da chapa proporcional (o partido, inicialmente, não queria se coligar com o PT), as conversas em torno de uma chapa única encabeçada pelos comunistas e apoiada pelos petistas, e possivelmente o PSB, avançaram.
O deputado federal Daniel Almeida, presidente estadual do PCdoB, disse que irá se reunir esta semana com Rui Costa para definir estratégias. Segundo ele, "falta a definição dos partidos sobre os espaços de cada um nas coligações proporcionais" para fechar as negociações.
*Colaborou Patrícia França