O tucano poderá ter 4 minutos e 40 segundos em cada bloco diário de propaganda de rádio e TV
Na noite de quinta-feira, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) estava a caminho do aeroporto de Congonhas, onde um jato fretado aguardava para levá-lo a Brasília, quando foi informado que partidos do Centrão decidiram apoiar Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial. Se confirmado o acordo, que teria a chancela do presidente Michel Temer (MDB), será sacramentado seu isolamento partidário. O tucano poderá ter 4 minutos e 40 segundos em cada bloco diário de propaganda de rádio e TV - mais que o dobro que o emedebista terá se não fechar alianças.
Apesar de aparecer com apenas 1% nas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro não se abalou. Ele acredita que pode reverter ao menos parte das siglas a seu favor. E, se não for possível, isso não seria problema. "O MDB tem condições de vencer independentemente de coligações. As chances de vitória do meu nome são muito maiores do que de um ou outro ex-governador", afirmou.
Aos 72 anos, Meirelles não tem dúvida de que sua candidatura será confirmada na convenção do MDB no dia 2 de agosto em Brasília - ele teria 443 dos 629 delegados, segundo levantamento do ministro Eliseu Padilha, seu maior cabo eleitoral. E acredita que terá ao menos 15% dos votos em outubro, o que o levaria ao 2º turno.
Em sua primeira disputa eleitoral majoritária, o ex-ministro também não se abalou quando leu a notícia de que o presidente tinha aberto negociação com Alckmin à sua revelia e cogitava até colocá-lo como vice do tucano, hipótese que ele sempre rejeitou. Também ignorou o ceticismo dos analistas, que duvidavam da viabilidade de candidato apoiado pelo governo mais impopular da história.
Com recursos próprios, montou uma equipe profissional de pré-campanha. Tem dois marqueteiros (Paulo Vasconcellos e Chico Mendes), um pesquisador especialista em classe média (Renato Meirelles) e cinco assessores de imprensa. Meirelles deixou de lado o discurso econômico hermético, voltou-se para a classe média, "humanizou" a imagem sisuda e se embrenhou no emaranhado de correntes internas do MDB.