Os tempos de televisão e rádio só serão definidos após formalização das coligações
Um espaço sem mediação do jornalismo. É dessa forma que o professor Wilson Gomes, especialista em comunicação e política, define o horário eleitoral gratuito. Objeto de negociação para as coligações, o tempo de televisão e rádio continua sendo decisivo para que os candidatos moldem a sua imagem para os eleitores, segundo o pesquisador da Universidade Federal da Bahia.
"O horário eleitoral é fundamental para a campanha. Antes dele, o discurso é controlado pelo jornalismo e o horário eleitoral é o espaço para a divulgação sem esse controle. Ele está sob o controle da política", afirma o professor.
Para Gomes, na propaganda eleitoral, prevista para começar em 15 de agosto, "o candidato apresenta ele mesmo, o que ele pensa, a forma como ele constrói a própria imagem e, em certa medida, responde ao jornalismo".
O pesquisador, todavia, avalia que não necessariamente o candidato que dispõe de maior tempo se sai melhor nas urnas. "Às vezes tem candidato que tem muito tempo e não tem muito o que dizer", ressalta.
Um exemplo de diferença de tempo entre os candidatos citados por Gomes é o da eleição para a prefeitura de Salvador em 2012. À época, Nelson Pelegrino (PT) acumulou quase três vezes mais tempo que o prefeito ACM Neto (DEM) e ainda assim saiu derrotado. "ACM Neto resistiu ao 1º turno e no 2º turno o tempo era equilibrado", lembra.
Além do tempo resultante das coligações, 1/3 dos 20 minutos disponíveis para o horário eleitoral é dividido igualitariamente pelo número de candidatos. No cenário projetado pela reportagem, cada candidatura terá 1 minuto e 20 segundos assegurados pela lei.

Vantagem
Assim como aconteceu na eleição para prefeito, a aliança em torno da candidatura governista deve acumular mais tempo de televisão e rádio. O pré-candidato Rui Costa (PT) admite que essa condição é positiva frente aos adversários. "É uma vantagem por termos tempo para apresentar o que foi feito e o que pretendemos fazer", sugere o petista.
Costa, contudo, considera o tempo mais elástico importante por causa do desconhecimento dos eleitores sobre ele. "As pesquisas sugerem que tenho a maior taxa de desconhecimento e também o menor índice de rejeição. Se eu tiver a votação da rejeição dos meus adversários, eu estaria eleito", aponta Costa.
Adversário do PT nas três últimas eleições, Paulo Souto (DEM) enxerga a disposição do tempo previsto para a coligação liderada por ele como suficiente. "Ainda que se saiba que a coligação governista vai ter um tempo maior, o nosso tempo não é tão reduzido, é um tempo médio", defende.
Souto evita falar nos direcionamentos que o horário eleitoral vai adotar, porém sugere que a discussão de temas e programas setoriais, além do que ele considera problemas do estado, pautarão o tempo dele na televisão e no rádio. "Agora vai depender dos rumos que a campanha tome", afirma.
Com bem menos tempo que os adversários até o momento, Lídice da Mata (PSB) pretende utilizar outras mídias na campanha. "A campanha não se resume ao tempo. As inserções são mais importantes. Estou em desvantagem, mas não é uma vantagem absoluta. A televisão e o rádio não são os únicos e nem os mais interativos meios", argumenta a socialista. Marcos Mendes (PSOL) e Rogério Da Luz (PRTB), também pré-candidatos ao governo, detêm ainda menos tempo que Lídice. Enquanto Mendes possui mais 4 segundos assegurados pela representação partidária na Câmara Federal, Da Luz fica com a divisão igualitária de 1/3 dos 20 minutos para candidatos ao governo.