Para o procurador da República Gino Liccione, que atuou no processo criminal do propinoduto, a denúncia dos cinco funcionários da Union Bancaire Priveé (UBP) acusados de envolvimento no caso Silveirinha "não muda nada" no Brasil, mas pode abrir uma competição pelos US$ 53 milhões bloqueados no exterior em nome dos acusados. "A Suíça tem interesse no confisco do dinheiro", afirmou. Ele afirmou não conhecer em profundidade a lei do país europeu, mas destacou que, em geral, o crime de lavagem diz respeito a bens do próprio acusado.
"Quando a acusação envolve terceiros, em geral é pela atuação como testa-de-ferro na aplicação dos recursos", explicou. Porém, o procurador lembrou que só os fiscais e suas mulheres poderiam manipular as contas numeradas. "Se houver envolvimento direto dos banqueiros com as contas dos acusados, abre-se a disputa pelo dinheiro, pelo menos parte dos recursos para cada um dos países lesados", afirmou Liccione. "Mas, pela documentação que usavam, acho difícil que o dinheiro seja o mesmo."
Segundo o procurador, o Discount Bank and Trust Company (DBTC), banco comprado pelo UBP, que denunciou a fraude, não cumpriu normas do Banco Central da Suíça. "O DBTC não checou a origem dos recursos, nem quem eram as pessoas que o traziam. No Brasil, os representantes do Discount não tinham autorização para abrir contas. E as contas foram abertas aqui, na Rio Branco (avenida no centro). Tinha cumplicidade lá."