O candidato da coligação PSDB-PFL a presidente, Geraldo Alckmin, disse hoje que sua vitória será importante para retomar o crescimento da economia e resgatar "os valores" do povo brasileiro. "É aquilo que a gente ensina para os filhos e netos: não roube, não minta, seja honesto, diga a verdade", afirmou o tucano, para quem o atual governo "não tem compromisso com a verdade".
Ao desembarcar na cidade de Jataí, em Goiás, Alckmin comentou declarações do ex-governador tucano Marconi Perillo, que lembrara o alerta feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a existência do mensalão. "Essa história de que o Lula não sabia de nada, é evidente que ninguém acredita nisso", disse o presidenciável. "Veja o caso dos ministros que saíram grandes amigos (de Lula) e depois ele diz que foram demitidos", destacou. Em seguida, citou o "caso do Okamoto, que fala uma coisa e depois outra", referindo-se ao ex-presidente do Sebrae.
Paulo Okamoto negou que o presidente da República tivesse conhecimento da dívida de R$ 29 mil do candidato Lula para com o PT. Disse à CPI dos Correios que quitou o débito sem o conhecimento dele. Em recente entrevista à TV Globo, no entanto, o próprio Lula revelou que teria repassado a Okamoto a decisão de pagar ou não a referida quantia, com o argumento de que não reconhecia a dívida para com o PT.
Na chegada à cidade, Alckmin foi recepcionado pelo governador Alcides Rodrigues (PP), que disputa a reeleição com o apoio de Perillo. Depois de oito anos à frente do governo de Goiás, Perillo desfruta da preferência de 80% do eleitorado para o Senado, segundo as pesquisas de intenção de voto. Apesar do racha do PFL local, dividido entre Alcides e a candidatura do senador pefelista Demóstenes Torres, Alckmin não foi abandonado pelo partido aliado em sua passagem por Jataí. O deputado Vilmar Rocha (PFL-GO) engrossou a comitiva de recepção que saiu em carreata do aeroporto ao centro da cidade, em um percurso de 11 quilômetros ao longo dos quais Alckmin foi saudado por populares.
A recepção calorosa na cidade natal do senador Maguito Vilela (PMDB), que apóia a reeleição de Lula, não ocorreu por acaso. Insatisfeitos com o atual governo, os produtores rurais têm presença forte na região e aderiram, espontaneamente, à candidatura Alckmin. São eles que bancam financeiramente a campanha do tucano na cidade, dos adesivos, cartazes, e bandeiras aos comitês eleitorais. A economia da região é voltada para o agronegócio e Jataí destaca-se como primeiro produtor nacional de milho.
"Ficamos tristes porque o presidente do PT, que prometeu 10 milhões de empregos, não trabalhou para ter emprego nenhum", criticou o tucano, para quem "emprego não se tira da cartola". Segundo ele, a criação de novos empregos exige comando e administração. "Não é ficar nas nuvens, passeando de aerolula. É pôr o pé no chão, no barro, na poeira, para fazer as coisas acontecerem", discursou sob apupos da platéia.
Logo no desembarque, Alckmin já havia dito o que os produtores rurais queriam ouvir dele: "O governo do PT e de Lula, por omissão ou não entendimento da importância da agricultura, atrapalha o setor que mais gera emprego e renda. Quando a agricultura vai bem, a economia e a indústria vão bem." Também teve pressa em anunciar o compromisso de investir em logística e infra-estrutura para o escoamento da produção agrícola. Disse que, se eleito presidente, a taxa de câmbio passará a ser "mais competitiva" e anunciou sua intenção de criar o seguro-safra para reduzir os riscos dos produtores agrícolas, prometendo renegociar as dívidas do setor.