O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) desmentiu
declarações do governador Jaques Wagner sobre teor de conversa entre os dois em encontro de três horas realizado no Palácio de Ondina na noite da segunda-feira, 27. Geddel negou que o governador tenha dito a ele que, caso pretenda ser candidato ao governo da Bahia em 2010, o PMDB teria que sair do governo estadual. O governador, no entanto, segundo sua assessoria, reafirma o que divulgou sobre a conversa com o ministro.
“A mim ele não disse isso”, falou Geddel, em coletiva durante a IX Cúpula Brasil-Portugal, na Santa Casa da Misericórdia. O evento contou com a presença do presidente Lula, do governador Jaques Wagner, do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates de Souza, do prefeito reeleito de Salvador, João Henrique (PMDB), além de ministros e outras autoridades.
O ministro Geddel desmentiu, ainda, que teria assegurado ao governador que o seu projeto seria concorrer a uma vaga a senador em 2010, como também reafirmou Wagner na manhã de terça-feira, 28, em encontro com jornalistas na sua residência oficial. “Não há nenhuma definição. Eu não tenho projeto acabado para 2010. Posso ser candidato a tudo”, assegurou o ministro, apesar de não descartar a possibilidade de ser candidato ao Senado, ressaltando que o cargo o honraria muito. “Está muito cedo para definir essas questões”, assinalou Geddel.
O governador pela manhã ressaltou em relação à aliança com o PMDB que “é óbvio que não há nenhum sentido em manter um aliado que esteja se preparando para outro caminho em 2010”, em referência à possível candidatura de Geddel a governador. “Se ele (Geddel) quer um caminho próprio, não pode ser no governo”, reiterou Wagner.
Apesar de destacar que na conversa – “muito afável, de dois amigos”– ambos colocaram questões consideradas por eles equivocadas na tensa disputa eleitoral em Salvador, Geddel negou que o governador Jaques Wagner tenha levantado restrições quanto à possibilidade de o DEM participar da futura gestão do prefeito João Henrique.
SEM RESTRIÇÕES – “Não cabe ao governador colocar quaisquer restrições sobre posição do DEM. Eu não coloco ao governo dele, não cabe isso”, frisou Geddel. O ministro disse que a decisão será tomada pelo prefeito, mas revelou sua opinião pessoal quanto ao tema: “Eu acho que não deve participar”, lembrando que o compromisso com a legenda foi apenas programático. O prefeito João Henrique tem dito que uma possível participação do DEM no seu governo será discutida com o PMDB.
Para o governador, integrar o DEM à prefeitura da capital é “incompatível” com o acordo entre PT e PMDB no Estado. “O DEM é nosso adversário e não aliado. Se o PMDB convidar o DEM, é sinal de que o nosso acordo não foi cumprido”, pontuou Wagner. Petistas consideram que a aproximação do PMDB ao DEM – partido do deputado federal ACM Neto e do ex-governador Paulo Souto, que apoiou João no segundo turno – representa uma reaglutinação das forças do carlismo derrotadas em 2006 para a formação de um novo bloco que sustentaria uma possível candidatura de Geddel a governador.
O ministro Geddel não deixou de dar umas alfinetadas em Wagner. “Nem o governador cobra do ministro, nem o ministro cobra do governador. O governador não tem idade de me dar conselho, nem eu idade para dar conselho ao governador”, falou o peemedebista.
Além disso, repetiu a linha que tanto o governador quanto ele têm adotado com o estremecimento entre os dois partidos. “Se pudermos fazer aliança em 2010, é o ideal, se não pudermos, vamos ver como discutir esse assunto”, ressaltou Geddel. Por ora, pelo menos, o ministro descarta uma saída do partido, por iniciativa própria, da base aliada. “Wagner é o governador do Estado. Portanto, a caneta é do governador. Quando ele achar que deve afastar o PMDB, ele afasta o PMDB. O partido não está incomodado para se afastar do governo”, frisou Geddel.
O peemedebista garante que continuará o trabalho no sentido de manter a aliança e a unidade no Estado. E até comentou sobre decisão da deputada estadual Maria Luiza (PMDB), que já declarou oposição ao governo Wagner, no sentido de minimizar a tensão ou os “ruídos” entre o PT e o PMDB, como definiu Wagner. “A deputada colocou isso como uma questão de ordem pessoal. Vamos conversar com ela para saber exatamente o que é que está acontecendo. Isso ainda seriam feridas abertas do processo eleitoral. Vamos procurar cicatrizá-las”, amenizou.
Na conversa pela manhã com jornalistas, o governador disse que a aliança entre o PT e o PMDB interessa ao ministro: “Para o PMDB ser candidato a vice (do PT à Presidência da República), o partido vai ter de oferecer ao presidente condições confortáveis nos estados”. Wagner diz que um rompimento prejudicaria a ambos. “Quem mais torce para que esta aliança (PT-PMDB) dê errado é o DEM”, avalia.