O prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) quebrou, nesta quinta, o silêncio e não poupou críticas ao PT, o ex-aliado agora classificado por ele como “golpista”. Em entrevista concedida à BandNews FM, pela manhã, o prefeito se disse traído e decepcionado por não ter recebido do partido do presidente Lula e do governador Jaques Wagner a mesma postura que ele teve em 2006, quando teria desistido de disputar o governo do Estado da Bahia para apoiar o candidato do PT.
“Abrimos mão de uma candidatura em que todas as pesquisas davam a João Henrique 40% da preferência do eleitor. O então governador Paulo Souto (ex- PFL) tinha 42%. E o candidato à época do PT não chegava a 10%”, revelou o prefeito, que disse ter atendido a apelo feito pelo então deputado federal Geddel Vieira Lima, hoje ministro da Integração Nacional e principal liderança do PMDB na Bahia. Geddel, segundo João, argumentou que Salvador ganharia se os aliados saíssem unidos em torno da candidatura de Jaques Wagner, que é do partido do presidente.
O secretário de Relações Institucionais do governo do Estado, Rui Costa, que participou da articulação política da campanha de Wagner, disse, nesta quinta, estar surpreso com as declarações do prefeito. “Isso nunca existiu. Se ocorreu essa conversa (entre Geddel e João), foi bastante sigilosa e ninguém nunca soube”.
O secretário assinala que João Henrique, que se elegeu em 2004 com 74% dos votos válidos na Capital, costumava declarar que não trairia o eleitor e cumpriria o seu mandato até o fim.
Ao frisar que um aliado como o PMDB “não merece o golpe que estão dando”, João Henrique lembrou que, além de abrir mão da própria candidatura ao governo, quando ainda era do PDT, apoiou a reeleição do presidente Lula. “Meu partido tinha candidato à Presidência, o senador Cristovam Buarque. Mas, mesmo sob toda pressão, subi no palanque de Lula”, disse ele.
João Henrique também fez severas críticas ao seu antecessor, o ex-prefeito Antonio Imbassahy (ex-PFL, agora no PSDB), a quem acusa de ter “subjugado a prefeitura à mera subsecretaria” do governo do Estado, da qual dependia de “mesada” para se manter. Essa dependência, disse João, é que levou Salvador a não se modernizar administrativamente e a não adotar medidas de incremento da arrecadação.
“Toda aquela maquiagem foi desfeita”, pontuou João Henrique. Procurado por A TARDE, Imbassahy disse que não se pronunciaria. O tucano disputará a prefeitura este ano.