Na inauguração das novas instalações da Agência Central dos Correios da capital paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o momento em que a estatal anunciou o lucro de R$ 830 milhões para criticar a privatização de empresas públicas.
Lula disse que durante o governo do ex-presidente José Sarney, a privatização dos Correios era cogitada sobre a alegação de que a estatal não era lucrativa. "E aqui foi anunciado o lucro", disse o presidente, comemorando o fato de que R$ 1,1 bilhão foram recolhidos por meio do Imposto de Renda. "Dando lucro, a empresa pode voltar ao seu berço de origem", acrescentou.
Lula lembrou que a região onde fica a Agência Central dos Correios na capital paulista era conhecida justamente como Praça dos Correios. O prédio teve sua construção iniciada em 1919 e foi inaugurado em 1922. As reformas começaram em 2004 e totalizaram um gasto de R$ 19 milhões. "Por infortúnios da economia do nosso País, ou quem sabe por momento de mau gerenciamento, essa empresa aparecia como deficitária. E em um momento que o que tudo era deficitário, se pensava em vender tudo no País", criticou, acrescentando que nenhum investidor se interessaria por comprar uma empresa deficitária.
Durante o discurso, o presidente foi bastante aplaudido quando relembrou que os funcionários dos Correios que fizeram greve durante a gestão do senador Antônio Carlos Magalhães (falecido no ano passado), quando era ministro das Comunicações, foram anistiados.
OTIMISMO - Além disso, Lula comentou as notícias publicadas nos jornais de hoje, segundo as quais a criminalidade caiu em São Paulo e no País. "Hoje, se vocês repararem bem, deveria ter um dia em que pelo menos os administradores do País deveriam estar mais otimistas", avaliou.
Na avaliação dele, as crises econômicas pelas quais o País passou nos últimos 30 anos criaram uma geração de jovens com menos oportunidades de estudo e emprego. "Portanto, milhões de jovens brasileiros ficaram mais vulneráveis, sem perspectiva de futuro", afirmou.
Porém, ele ressaltou que a vida dos brasileiros vem melhorando nos últimos anos. Prova disso, segundo ele, é o dado que aponta a diminuição da criminalidade.
O presidente Lula destacou que os primeiros estudantes universitários que receberam bolsas do ProUni vão se formar já em 2009. Ele disse ainda que tem recebido cartas de diversas pessoas que residem nas periferias das grandes cidades brasileiras e também de idosos agradecendo pela oportunidade de voltar a estudar.
Ele admitiu que os problemas sociais brasileiros não poderão ser resolvidos em pouco tempo, mas salientou que eles não começaram em seu governo. Mais uma vez o presidente destacou a criação de 1,6 milhão de postos de trabalho em 2007.
Participaram da cerimônia o governador de São Paulo, José Serra, os ministros das Comunicações, Hélio Costa, do Trabalho, Luiz Marinho, da Comunicação Social, Franklin Martins, do Desenvolvimento Econômico, Miguel Jorge, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Romeu Tuma (PFL-SP); o secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo; o secretário estadual da Cultura, João Sayad; parlamentares e o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio.
Lula não respondeu a perguntas sobre o mau uso dos cartões corporativos por ministros de seu governo e afirmou que o anúncio do ex-deputado Roberto Jefferson de que pretendia arrolá-lo como testemunha no processo do Mensalão "não era notícia".
Depois da cerimônia nos Correios, Lula seguiu à cerimônia de comemoração dos 50 anos da Toyota do Brasil. Pouco antes, ele se reuniu com Serra, mas nenhum dos dois deu detalhes sobre o que seria conversado.