O presidente do Haiti, René Preval, pediu que o Brasil envie mais policiais e engenheiros à empobrecida nação caribenha, durante a visita do seu colega Luiz Inácio Lula da Silva.
O Brasil lidera os 9.000 homens das forças de paz das Nações Unidas no Haiti, enviadas há quatro anos após a deposição do então presidente Jean-Bertrand Aristide por uma rebelião armada.
O Brasil tem cerca de 1.200 militares no país, incluindo soldados, policiais e engenheiros.
"Nós dissemos ao presidente Lula para enviar mais policiais em vez de militares", disse Preval durante pronunciamentos proferidos pelos dois líderes no Palácio Nacional, após o encontro.
"Nós não temos a mesma situação em que nós precisamos confrontar grupos armados no Haiti, mas (principalmente) indivíduos armados que, através de sequestro, estão causando muita dor."
Enquanto as forças de paz conseguiram debelar grande parte da violência de gangues que se seguiram à deposição de Aristide, o sequestro por resgate e outros crimes de rua continua sendo um sério problema em Porto Príncipe.
Preval disse que 25 sequestros foram registrados pela polícia somente em maio. Grupos de direitos humanos colocam o número próximo de 40.
A força de paz da ONU inclui 7.082 soldados e 1.930 policiais. A polícia haitiana conta com aproximadamente 8.000 homens.
Lula enalteceu os militares por seu papel em restaurar um pouco da estabilidade no Haiti, que tem sido perturbada por levantes, ditaduras e violência durante décadas.
"Os militares tiveram sucesso em sua missão de combater a violência e garantir a paz e a estabilidade", disse Lula.
Ele depois se encontrou com o comandante brasileiro no Haiti, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e conversou com as tropas em sua base em Tabarre, perto da capital.
Pelo menos seis pessoas morreram em revoltas por causa dos preços dos alimentos que sacudiram o país em abril. Os rebelados entraram em choque com as forças de paz na cidade de Les Cayes, no sul do país, e a violência se espalhou para a capital, onde lojas foram saqueadas e edifícios depredados.
O episódio adiou os esforços de Preval de estabelecer instituições democráticas no Haiti e levou à demissão do primeiro-ministro Jacques Edouard Alexis e seu gabinete.
A última vez que Lula esteve em Porto Príncipe foi em agosto de 2004, quando ele fez uma rápida visita para um amistoso entre as seleções de futebol dos dois países. A partida foi jogada em clima de carnaval e celebrou a presença dos então campeões do mundo ao Haiti. O Brasil bateu a seleção local por 6 a 0.