A escolha de um candidato para disputar as eleições municipais de Salvador está causando ebulições no PT, cujas divergências não são ocultadas nem durante o Carnaval. O presidente estadual do partido, Marcelino Galo, por exemplo, não hesita em minimizar a pré-candidatura do secretário estadual de Promoção da Igualdade, o deputado federal Luiz Alberto.
“Para mim, hoje, só há duas candidaturas na legenda, que são as dos deputados federais Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro. Luiz Alberto tem que resolver seu problema com o governo para seu nome ser considerado”, afirmou Galo, no camarote montado pela Petrobras, na Barra, enquanto Pepeu Gomes passava cantando: “A noite vai ter lua cheia, tudo pode acontecer”.
“Eu não tenho problema com o governo. Portanto, prefiro não comentar esta afirmação de Marcelino Galo”, reagiu Luiz Alberto ao chegar ao camarote. Destacou que vai se desincompatibilizar do cargo no prazo legal e que todo o processo está se dando com a aprovação do governador Jaques Wagner.
“Acho que está faltando compreensão sobre a importância de uma candidatura como a minha”, disse, ao salientar a possibilidade de, pela primeira vez, Salvador ter quatro negros como candidatos a prefeito: Luiz Alberto (PT), Olívia Santana (PCdoB), Luís Carlos França (PSTU) e Edvaldo Brito (PTB).
Análise nacional
Nelson Pelegrino achou precipitados os comentários de Galo. Explicou que as convenções serão realizadas em junho e que Luiz Alberto, assim como Walter Pinheiro, é um nome a ser considerado.
Reafirmou sua defesa da formação de uma frente de esquerda, da qual sairia um candidato à Prefeitura de Salvador, e vendeu seu peixe: o fato de ter disputado três vezes faz com que seu nome seja o mais conhecido em na capital baiana.
O presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, destacou que o grande número de candidaturas a prefeito “é um atestado da força do PT”. Esta situação, observou, não é exclusividade de Salvador. Em outros municípios, o partido também tem procurado se articular para apresentar nomes em torno dos quais, internamente, encontre unidade e, externamente, reforce sua relação com as legendas aliadas.
Fora do governo
O secretário estadual Luiz Alberto (Promoção da Igualdade) fez uma revelação ao falar sobre o caso do advogado Sérgio São Bernardo, o ex-superintendente do Procon da Bahia que acusou a secretária de Justiça e Direitos Humanos, Marilia Muricy, de tê-lo demitido por racismo e assédio moral. “Ele não vai voltar ao governo porque não quer”, informou o secretário, pré-candidato a prefeito de Salvador pelo PT.
Logo após a acusação de racismo, feita pelo advogado via internet, Luiz Alberto, ao lado do secretário de Relações Institucionais, Rui Costa, reuniu-se com São Bernardo. Ao final do encontro, informou que o ex-superintendente do Procon voltaria a trabalhar no governo Jaques Wagner em outra função.
No domingo de Carnaval, no entanto, ao ser indagado sobre o assunto, revelou que o advogado, militante do movimento negro, decidiu não voltar a integrar o governo. “Foi uma decisão pessoal”, destacou. Luiz Alberto voltou a elogiar o trabalho do ex-superintendente do Procon – “É uma pessoa muito competente” – e negou que o episódio possa atrapalhar sua candidatura a prefeito de Salvador.