Nesta quarta-feira, 24, um grupo com cerca de 35 mil manifestantes se reuniu em Brasília para uma manifestação que terminou em confronto com a polícia. Parlamentares da oposição como Lindbergh Farias (RJ), Paulo Rocha (PA) e Gleisi Hoffman (PR), todos do PT, e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se juntaram ao grupo nos carros de som, e pediam a renúncia de Michel Temer, quando a confusão começou. Barricadas foram removidas para evitar a aproximação e a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes. O trânsito foi totalmente bloqueado na Esplanada dos Ministérios e pontos de ônibus foram depredados.
Convocado como Marcha das Centrais Sindicais, o ato contrário às reformas trabalhista e da previdência do governo Temer resultou em depredação no Ministério da Agricultura, da Fazenda e do Turismo, com três focos de incêndio, vidros quebrados, sofás e móveis incendiados. No Ministério da Cultura o dispositivo de incêndio foi acionado e os andares ficaram encharcados.
Às 15h, todos os edifícios foram evacuados e os servidores públicos dispensados. Cones, placas, banheiros químicos e grades foram usados como combustível para os focos de incêndio registrados no Eixo-Monumental. Enquanto o protesto ocorria, o presidente do Senado, Eunício Oliveira afirmou em plenário que o governo continuará a votar as reformas bem como a permanência de Michel Temer até o final de 2018, logo após a reunião do presidente com a bancada do PMDB com 22 senadores. Assessores ligados à base do governo afirmaram que para a saída do presidente é preciso seguir o rito constitucional, e repetiram a diversos veículos de comunicação que “não se pode tirar o governo na marra”.
Ministro da Defesa convocou Tropas Federais
O presidente Michel Temer acionou o Gabinete de Segurança Institucional para tomar providências quanto aos focos de incêndio e as medidas que poderiam ser tomadas, já que manifestantes também impediram o acesso do corpo de bombeiros aos focos de incêndio nos Ministérios. Às 16h30, o Ministro da Defesa Raul Jungmann anunciou em rápido pronunciamento que o presidente pediu a presença das tropas federais “para garantir que os edifícios e o patrimônio público fiquem incólume”. Em seguida, uma edição extra do Diário Oficial da União publicou o Ato que autoriza o emprego das Forças Armadas para “Garantia da Lei e da Ordem entre 24 e 31 de maio de 2017”.
Na Câmara, a sessão ficou suspensa durante duas horas. A oposição promoveu uma invasão à mesa diretora dos trabalhos ao gritar “Fora Temer”, enquanto parlamentares da base responderam gritando contra Lula, enquanto era lido o Projeto de Lei 54, da convalidação da Guerra Fiscal. Houve empurra-empurra também no salão verde, entre o deputado Darcício Perondi (PMDB-RS) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). Deputados do PT e PC do B trouxeram capsulas usadas pela polícia para dispersar os manifestantes.