As imagens de agentes da Polícia Federal, durante todo a terça-feira,5, contando os R$ 51 milhões estocado em caixas e malas dentro de um apartamento vinculado à Geddel Vieira Lima, provocou não apenas reações na sociedade como também declarações de parlamentares da bancada baiana tanto da Câmara dos Deputados como no Senado.
De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o episódio pode ser classificado como “chocante”. Ela reforça que é preciso esclarecer de forma ágil de quem é o dinheiro encontrado. A parlamentar lembra ainda que todo esse episódio apoia a tese de que o sistema político atual está exaurido.
“[Ele] Faliu pelas circunstâncias que ontem estava nas páginas dos jornais do mundo: o conjunto de malas cheias de dinheiro, relacionados a políticos, que, de fato, precisa ser investigado e esclarecido aos olhos da população brasileira", diz a líder Alice Portugal.
Quem também disse estar chocado com as imagens da fortuna encontrada no apartamento é o vice-líder do Partido Progressista, o deputado Cacá Leão. O congressista afirma que a cena foi assustadora e mais parecia algo fictício, como se fosse uma cena de filme.
“Não passa pela minha cabeça que aquilo poderia existir. Foi assustador. A cena é realmente muito chocante. Agora, como digo desde o início desta confusão: não tenho ninguém para defender. Se for comprovado que o dinheiro é dele, que seja culpado. A justiça está aí para isso”.
Cacá Leão acredita que apesar da cena ter assustado à população, ela não deverá causar impactos danosos para a política baiana no geral. “Acho que as pessoas sabem separar joio do trigo. Tem políticos e políticos, como há cidadãos e cidadãos. Eu particularmente não me sinto atingido.
O vice-líder do PSDB, deputado João Gualberto (PSDB-BA), também associa o caso do “bunker de R$ 51 milhões” com um filme. Ele contudo, o classificaria no gênero de terror/horror que em vez de gerar premiações, causa é prejuízo a toda classe política.
“ Os políticos ficam ainda mais desacreditados pelo povo brasileiro. A população não se sente representada e isso vem a confirmar que o povo pensa. Quando vemos R$ 51 milhões guardados no apartamento, supostamente sendo de Geddel, que parece que tudo leva a crer que seja, é uma cena não sei se de horror, repugnante, não sei nem como classificar”.
O parlamentar tucano alerta a população de que é preciso fazer um mea culpa em virtude do poder do voto. Ele lembra que os eleitores insistem em votar em candidatos que possuem problemas com a justiça.
“Não foi um, nem dois nem três políticos tidos como corruptos, muitos como réus, muitos que se candidatam na base da liminar, que foram eleitos . A população precisa avaliar melhor os políticos. Pessoas condenadas, que já foram presos se candidatam e vencem. Um exemplo é o Lula, que tem vários processos e é recebido com festa pela população, liderando pesquisas. Pra mim, quem quiser roubar dinheiro deveria entrar em quadrilha e não na política”.
Senado
Os ecos da operação da PF no apartamento supostamente utilizado por Geddel para alocar recursos sem origem comprovada também alcançaram o Senado Federal.
"As cenas são impactantes como também todos os últimos episódios da cena política do país”, afirmou o senador Roberto Muniz (PP-BA).
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) optou por fazer uma análise política mais abrangente da situação."O que ocorrerá é que seus aliados silenciarão e os seus opositores o atacarão”. A parlamentar explica que o episódio confirma o que o próprio Geddel havia confessado, que estava fora da política e pede continuidade nas investigações. “É o que País todo espera”.
Dinheiro e justiça
No imóvel, que foi apelidado de bunker, foram encontrados a quantia em espécie de R$ 51 milhões - R$ 42,6 milhões + US$ 2,688 milhões. Segundo o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira que autorizou a operação, apesar de constar nos autos que o apartamento pertence a Silvio Silveira, este teria supostamente cedido a Geddel para que guardasse pertences do seu falecido Pai.
O magistrado, contudo, aponta que o local era utilizado pelo político baiano “de forma velada para guardar objetos/documentos, o que, em face das circunstâncias que envolvem os fatos investigados (vultosos valores, delitos de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e participação de agentes públicos influentes e poderosos), precisa ser apurado com urgência’.