Declaração ocorre três dias após ele dizer que são os militares que "decidem" se um país vai viver na democracia ou na ditadura | Foto: Reprodução | YouTube
Em transmissão ao vivo realizada nas redes sociais na noite desta quinta-feira, 21, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que as Forças Armadas do Brasil estão "comprometidas" com a democracia e a liberdade. A declaração ocorre três dias após ele dizer que são os militares que "decidem" se um país vai viver na democracia ou na ditadura.
"Graças a Deus aqui no Brasil nós temos Forças Amadas comprometidas com a democracia e com a liberdade", disse ao criticar o que chamou de "ditadura instalada" na Venezuela. "Um grande pilar da democracia são as nossas Forças Armadas, que jamais aceitariam o convite de uma autoridade de plantão, no caso o presidente da República, a enviesar para um caminho diferente da liberdade, da democracia", afirmou
Na última segunda, 18, Bolsonaro causou polêmica ao dizer que as Forças Armadas estavam "sucateadas" no Brasil, como uma "estratégia para adotar o socialismo" no país e que "temos liberdade ainda", mas "tudo pode mudar".
"No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imagine o Haddad no meu lugar. Como estariam as Forças Armadas com o Haddad em meu lugar?", questionou.
Em nota, o procurador-geral de República, Augusto Aras chegou a afirmar, indiretamente, que houve crescimento da pressão pelo impeachment do presidente, além de insinuar que ele poderia adotar um "estado de defesa".
"O estado de calamidade pública é a antessala do estado de defesa. A Constituição Federal, para preservar o Estado Democrático de Direito e a ordem jurídica que o sustenta, obsta alterações em seu texto em momentos de grave instabilidade social. A considerar a expectativa de agravamento da crise sanitária nos próximos dias, mesmo com a contemporânea vacinação, é tempo de temperança e prudência, em prol da estabilidade institucional", diz a nota, segundo informações do UOL.
Após a publicação, membros do Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) também divulgaram nota, mas se preocupando com o pronunciamento de Aras.
"Nesse cenário, o Ministério Público Federal e, no particular, o Procurador-Geral da República, precisa cumprir o seu papel de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e de titular da persecução penal, devendo adotar as necessárias medidas investigativas a seu cargo", disseram seis subprocuradores-gerais da República.