Os parlamentares acusam o governo Bolsonaro de estelionato eleitoral para eleger Arthur Lira
Após a divulgação de que o governo federal liberou um montante da ordem de R$ 3 bilhões a parlamentares durante a campanha no Congresso, que definirá quem será o próximo presidente da Câmara, o PSOL decidiu entrar com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Procuradoria Geral da República (PGR) contra a liberação de verbas, sob a alegação de compra de votos.
As verbas foram liberadas para 250 deputados e 35 senadores para que apliquem em obras em seus redutos eleitorais. O fato foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo nesta quinta-feira, 28. A eleição que vai escolher os novos presidentes da Câmara e do Senado está marcada para a próxima segunda-feira.
“Jair Bolsonaro busca eleger seu aliado Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara para impor uma agenda de ainda mais retrocessos para o Brasil. Para alcançar esse objetivo e facilitar a própria reeleição, está se valendo das práticas mais espúrias. Trata-se de um mega esquema de compra de votos de deputados”, disse a líder da bancada do PSOL na Câmara, Samia Bomfim (SP).
O jornal O Estado de São Paulo revelou uma planilha interna de controle de verbas, até então sigilosa, com os nomes dos parlamentares contemplados com os recursos “extras”.
Ex-líder do Congresso do governo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também fez críticas. “Isso mostra o que é esse governo hipócrita do Bolsonaro. Um estelionato eleitoral. O homem que se elegeu falando que era contra o toma lá, da cá, fazia o tipão de ser honesto, na verdade é uma fraude. Um picareta que usa dinheiro público para comprar voto”, disse Joice.
No Twitter, a deputada Erika Kokay (PT-DF) lembrou da falta de recurso para a prorrogação do auxílio emergencial. “O governo Bolsonaro libera R$ 3 bilhões ‘extras’ em obras a 285 parlamentares em meio a disputa para a direção do Congresso. Não tem dinheiro para o auxílio emergencial, mas tem recursos para comprar parlamentares com objetivo de transformar o Congresso num puxadinho do Planalto?”, questionou a deputada.
Candidato à presidência da Câmara, o deputado Alexandre Frota (PSDB-RJ) classificou a oferta do governo para atrair votos como “covardia”. “É uma covardia do Bolsonaro. Mostra a fraqueza do presidente e mostra também que deputados estão preocupados não com o país, mas com cargos, em não perder a boquinha”, disse.