Instituto Butantan teve orçamento atingido pelos cortes de benefícios fiscais para pesquisa | Foto: Carl de Souza | AFP
Não fossem suficientes o desperdício de testes, o atraso no fornecimento de oxigênio ao Amazonas, o incentivo às aglomerações e a rejeição à máscara, além de receitar, como se médico fosse, remédios ineficazes, o presidente Jair Bolsonaro decidiu atrapalhar a ciência.
Não há outra interpretação possível para o corte de benefícios fiscais para pesquisa, atingindo diretamente o orçamento para o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizarem seu trabalho à plena carga, como é urgente, dado o contexto desesperador.
O corte não foi pequeno e provavelmente contribuirá para prejudicar as ações relacionadas ao combate à pandemia, a quem caberá a culpa aos responsáveis pela ideia, pois chega a quase 70% – exatos 68,9% – a redução da cota de importação de equipamentos e insumos.
A insensibilidade pode ser lida como retaliação, uma vez ter sido o governo paulista célere e comprometido com a vacinação em massa da população, para a qual faltam doses suficientes a fim de alcançar patamar necessário de controle.
A medida, para quem já coleciona ações voluntariamente voltadas para o descontrole da pandemia, pode ser acrescentada às provas em futuro julgamento do presidente e seus assessores diretos em tribunal internacional a fim de apurar negligência explícita.
Para um melhor entendimento do desprezo pela vida e forte apego à frieza dos números, morra quem morrer, pois o valor maior seria a economia, no ano de 2020, o total do investimento chegou a US$ 300 milhões, ou aproximadamente R$ 1,6 bilhão.
Já para este ano, o montante cairá bruscamente para US$ 93,29 milhões ou quase R$ 500 milhões de cota de importação, destinada à compra de produtos de outros países, voltados à pesquisa científica, livres de impostos.
Tomando como base a malfadada redução, pode-se considerar o pedido do diretor do Butantan, Dimas Covas, por dignidade para o presidente lutar pela vacina, como entendido ao contrário, em reação de rancor, contribuindo para combater a ciência.