Augusto Aras disse não ver relação entre o inquérito que apura a interferência política de Bolsonaro na PF e a suposta produção de relatórios da Abin
O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse nesta sexta-feira, 12, não ver relação entre o inquérito que apura a interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal e a suposta produção de relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para assuntos pessoais do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Para o chefe do Ministério Público Federal (MPF), a suposta atuação da Abin para orientar a defesa de Flávio no caso das "rachadinhas" não está relacionada às acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, feitas em abril de 2020, que levaram a uma abertura de inquérito no STF.
O posicionamento da PGR foi enviado ao Suprem depois da defesa de Moro ter pedido que o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, fosse ouvido novamente no inquérito sobre a suposta interferência de Bolsonaro. Esse pedido foi motivado por reportagens da revista "Época" sobre supostos relatórios de inteligência da Abin.
Esse pedido dos advogados de Moro se baseava no fato de que Bolsonaro chegou a nomear Ramagem, amigo da família, para a direção-geral da PF. A nomeação foi suspensa pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e, com isso, Ramagem assumiu o cargo na Abin.
Ao pedir demissão do governo, Moro disse que Bolsonaro queria interferir politicamente no trabalho da PF e em inquéritos relacionados a familiares. O presidente teria nomeado Ramagem, diz Moro, para ter acesso a informações de inquéritos sobre a própria família.
Em um primeiro depoimento dado nesse inquérito, Ramagem negou que Bolsonaro tenha pedido qualquer relatório de inteligência sobre investigações em andamento. Esse depoimento aconteceu antes das reportagens da revista "Época".
O atual chefe da Abin também negou, no depoimento já prestado, que tivesse contatos com os filhos do presidente, ressalvando que falou apenas com o deputado Eduardo Bolsonaro sobre questões de trabalho.
Antes de decidir sobre o novo depoimento, o relator do inquérito, Alexandre de Moraes, pediu posicionamento da PGR sobre o tema. Com a resposta, caberá ao ministro definir se Ramagem será ouvido novamente.