No Congresso do PT ontem, a tônica era a de que o partido cometeu erros. Não foram discutidos erros éticos, mas estratégicos. O principal deles, o de perder a oportunidade de protagonizar a reforma política quando ostentava altos índices de popularidade.
O primeiro a dar o tom ao debate foi o governador Rui Costa. Ele criticou a reforma política em discussão no Congresso, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas.
Pelo que está votado até agora as empresas poderão fazer doações, não mais aos candidatos, mas aos partidos. O deputado Sibá Machado (AC), presente ao encontro, disse que o PT irá à justiça para questionar a manobra feita pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ, presidente da Câmara, que produziu esse resultado.
O financiamento público, como queria o PT, foi derrotado, e se o partido obtiver sucesso, no máximo fica tudo como está.
Em suma, os petistas avaliam que o modelo de financiamento brasileiro é a raiz de todos os males. E de fato é quase isso. O modelo é corrupto pela própria natureza, vá lá. Mas faltou a noção de limite.
Ausência notada — Até o final da manhã de ontem, o senador Walter Pinheiro não tinha dado as caras no Congresso do PT. Não foi e nem deu satisfações, motivo de intensos cochichos entre os confrades.
Aposta incerta
Apostar que ACM Neto é candidato a reeleição no próximo ano lideraria o ranking em qualquer bolsa baiana, mas não é bem assim que a banda está tocando.
Ele tem dito a amigos que, se passar na reforma política, o mandato de seis anos para os próximos prefeitos estará fora.
Acha absurdo um prefeito governar 10 anos. E está na expectativa sobre o que a Câmara vai fazer esta semana.
Propostas na mesa — Sobre o mandato de prefeitos há duas propostas a serem votadas pela Câmara esta semana.
1 — Os eleitos em 2016 conquistariam um mandato de seis anos.
2 — Mandato de 4 anos com o direito dos novos eleitos disputarem a reeleição em 2020 para um mandato tampão de dois anos a fim de fazer eleições gerais em 2022.
"Não sei se já estou sendo investigado, mas se estiver, tanto faz. Vou dar o que me pedirem e se não ficarem satisfeitos podem investigar à vontade. Meus sigilos estão abertos. Todo o meu patrimônio eu fiz antes de entrar para a política. Sou ficha limpa"
João Leão, vice-governador, um dos políticos da lista do MPF para serem investigados na Lava Jato, falando sobre a situação dele
Na lagoa
No mix de equívocos que entravam o turismo de Salvador, o secretário Nelson Pelegrino (Turismo) cita a situação do Abaeté.
Trata-se de uma APA, sob os cuidados da Secretaria do Meio Ambiente.
Só há um detalhe: a lagoa e as dunas estão preservadas. Do resto ninguém cuida.
Ele defende a tese de que o entorno da lagoa deve ser cuidado por outros agentes, como os órgãos de turismo, por exemplo.
O petróleo é nosso
Além do estaleiro Enseada do Paraguaçu, a Bahia tem mais razões para se preocupar com as ações da Petrobras aqui.
A questão dos campos maduros, na região de Alagoinhas (Catu, Pujuca, Araçás, Entre Rios e Esplanada): em torno de dois mil poços produzem 42 mil barris por dia. Um único poço do pré-sal produz 32 mil.
Quem cita os dados é José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras. Ele lembra que o mix de preocupações vai além. A Petrobras é dona de 42% da petroquímica baiana.
Livro — Gabrielli, que é professor da UFBa aposentado, tem dedicado os últimos dias a escrever o livro A economia do petróleo.
Sai em três meses mais ou menos.
Sem lei
Foi chocante a reportagem exibida anteontem pela Record mostrando que o Samu tem dificuldades de circular em 15 bairros de Salvador por falta de segurança.
Já se sabe que a criminalidade dita a lei, mas barrar ações de saúde, é dose.
No Nordeste — E nessa da criminalidade ditar o que pode e não pode, a Limpurb tentou instalar na Rua do Areal, Nordeste de Amaralina, um moderno contéiner com aluguel de R$ 32 mil para a coleta do lixo.
Alguém lá deu a ordem:
— Aqui não vai botar não.
E não botou.
POUCAS & BOAS
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A ABI e a Fecomércio abrem amanhã (18h), na Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves), as comemorações do centenário do jornalista Jorge Calmon, que por mais de 60 anos foi diretor de redação de A TARDE. Na abertura, uma exposição fotográfica mostrando fases da vida dele.
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Jorge Calmon nasceu em 7 de julho de 1915. A agenda do centenário, em julho, inclui sessões especiais na Assembleia, Câmara, ABI, Instituto Histórico e Geográfico, Tribunal de Contas do Estado e Academia de Letras da Bahia.
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As promotoras Rita Tourinho e Patrícia Medrado, do Ministério Público, estão recomendando que a Bahiatursa suspenda 170 projetos para o São João no interior. Querem ver 'a razoabilidade' ante o orçamento do Estado.
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A apreciação dos pedidos pela Bahiatursa está marcada para terça. Os prefeitos esperneiam. Muitos já contrataram artistas confiados na ajuda governamental. E acham que o MP está extrapolando.
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Desde que tomou posse como governador, Rui Costa ainda não pisou em Vitória da Conquista. A primeira visita aconteceria amanhã, mas foi cancelada. O prefeito Guilherme Menezes, que é do PT, diz ter' 'uma agenda grande' para Rui lá.
POLÍTICA COM VATAPÁ
O xis da questão
Conta Paulo Bina, o chefe da Comunicação da Assembleia, que Eliel Santana, hoje presidente do PSC, fazendo uma das suas primeiras incursões pelo interior no mandato de deputado estadual (início do ano 2000), foi a Ipupiara, na Chapada Diamantina, região de Brotas de Macaúbas.
Lá, quis saber onde iria almoçar, já que faria um périplo pela zona rural. Informaram a ele de uma senhora que preparava galinha da terra tipo sabor mil, defeito zero.
Circulou, voltou, desgostou, elogiou, e adorou. E perguntou:
— Quanto é?
— 500 reais.
— O quê?! Está faltando galinha por aqui, minha senhora?!
— Não. Aqui o que falta é deputado.